21 de jun. de 2008

Espremeu a laranja e deu...vodka!

A Euro-2008 tem melhorado a cada partida. Esta edição já superou a de 2004 há muito tempo. Jogos emocionantes, muito bem jogados (ok, algumas exceções existiram). Essa fase de quartas-de-final então, tem sido eletrizante. Depois de uma partida emocionante entre Alemanha e Portugal, veio o jogo dramático entre Turquia e Croácia. Hoje, foi a vez de Holanda e Rússia gladiarem na Basiléia, disputando uma vaga para as semi-finais.

Diante de um estádio 80% laranja, a Rússia mostrou um futebol de qualidade, de belas jogadas, categoria, raça, enfim, de diversas qualidades, e venceu os holandeses por 3 a 1, sendo dois gols na prorrogação. Um jogaço. A Laranja Mágica, como vinha sendo chamada a seleção holandesa por boa parte da imprensa, não conseguiu fugir da intensa marcação russa, foi envolvida pelo toque de bola do adversário, não conseguiu repetir o bom futebol da primeira fase, e foi eliminada desta Eurocopa-2008. A equipe de Guus Riddink agora pega o vencedor de Espanha x Itália (esse jogo também promete fortes emoções), enquanto que os holandeses se despedem de Van Basten, que agora vai treinar o Ajax.



Infelizmente, a Holanda, que na maioria das vezes monta equipes de técnica refinada, que já teve sua camisa vestida por uma longa lista de craques, como Johan Cruiff, Dennis Bergkamp e o próprio Marco Van Basten, novamente não consegue transformar o seu favoritismo em realidade. Essa geração de 2008 tinha tudo para ser campeã da Euro, mas faltou à equipe laranja o mesmo brio que a Rússia teve durante os 120 minutos de hoje. Dois favoritos apontados pelo blog, que foram Portugal e Holanda, já ficaram pelo meio do caminho. Só restaram agora Alemanha e Espanha. Vamos ao jogo deste sábado.

No primeiro tempo, a Rússia dominou, marcando forte o tempo todo, impedindo assim a movimentação e o toque de bola de sucesso holandês, e também pressionou no ataque, criando as principais chances. Uma delas foi uma cabeçada de Pavlyuchenko, após saída errada de bola de Van der Saar. A Holanda só apresentou o seu futebol característico em lampejos nessa primeira etapa, como no lance de Sneijder, aos 18 minutos. O holandês dominou tirando do zagueiro, mas na hora do chute, outro defensor apareceu e travou o arremate.

Foi interessante observar o fato de que mesmo sob intensa marcação, nenhuma das seleções recorreu ao "chutão para frente", típico de muitos times sem categoria que estão espalhados por aí. A Rússia neutralizou muito bem os 4 principais jogadores de frente holandeses. Por exemplo, Van der Vaart mal tocou na bola durante os primeiros 20 minutos de jogo. Ele só apareceu em lances isolados, como numa cobrança de falta, aos 28 minutos, que Nistelrooy não conseguiu alcançar. O único holandês que teve destaque nessa primeira etapa foi Van der Saar, fazendo belas defesas, como no chute de Arshavin, aos 30, e em outro chute de longe também, só que desta vez de Kolonin. O primeiro tempo acabou 0 a 0, mas com ótimo nível técnico.

Como já podia ser previsto, o segundo tempo foi mais aberto, provavelmente porque as equipes em campo cansaram-se do intenso ritmo da etapa inicial. Tanto que não demorou muito para o placar ser aberto. Aos 11 minutos, após cruzamento à meia-altura na área holandesa, Pavlyuchenko se antecipou à zaga e complementou para o gol, fazendo 1 a 0 para a Rússia.



As seleções continuaram partindo para cima do adversário, principalmente a Holanda, que se encontrava atrás no placar. A bola não queria entrar. De tanto pressionar, a Holanda conseguiu o seu gol milagroso, aos 41 minutos. Sneijder lançou a redonda na área e Van Nistelrooy completou de cabeça.



Com esse resultado, o jogo foi para a prorrogação. A partir daí, só deu Rússia.

Foi aí que Arshavin, que já tinha feito uma pela partida, começou a se estabelecer como o craque do jogo. Belos dribles, ótimos passes, incansável, enfim, o russo brilhou em campo. Tomara que repita a sua atuação na próxima partida, que não seja só "fogo de palha". Acredita-se que não, se olharmos a sua campanha pelo Zenit na Copa da Uefa deste ano.


Outro russo que mostrou talento foi Pavlyuchenko, que acertou o travessão de Van der Saar num chute sensacional, que levantou até os primeiros bolcheviques do túmulo. A Holanda também mostrou sua força na etapa adicional, em muitos lances proporcionados por Sneijder. Porém, o volume de jogo russo era muito maior, já que criou diversas oportunidades. Em uma delas, o segundo gol saiu. Após descida de Arshavin até a linha de fundo, aos 22 minutos, o jogador cruzou, Van der Saar não alcançou, e do outro lado da meta, Torbinsky empurrou a bola para o fundo das redes praticamente em cima da linha. Falha de Van der Vaart, que não acompanhou o russo.


Os holandeses não se deram por vencidos, e continuaram partindo para o ataque. Só que vacilaram na defesa minutos depois. A seleção holandesa ficou observando atônita uma cobrança de lateral russa, que encontrou Arshavin livre de marcação. O destaque do confronto invadiu a área e chutou rasteiro, e a bola acabou passando por entre as pernas de Van der Saar.



Estava selado o fim de um jogo sensacional.

Essa seleção russa é mais um exemplo de que as coisas, os sucessos, não acontecem por acaso. A campanha vitoriosa do clube russo Zenit na copa da Uefa não foi obra do destino. O elenco, que cedeu muitos de seus jogadores para a seleção, provou que tem qualidade nesta Euro. O trabalho de Riddink também deve ser destacado. O técnico/andarilho internacional sempre faz trabalhos de qualidade, como na Holanda em 98, Coréia do Sul 2002, Austrália 2006, e nesta Rússia, classificando-a para essa fase especial da Euro e chegando até aqui nas semis do torneio. Quem diria que das gélidas terras da Sibéria viria um futebol que traz em alguns lances um calor tropical.

Que Euro! Que venham Espanha e Itália! Até lá, muita vodka para comemorar!

3 comentários:

Rodrigo Paradella disse...

Grande jogo esse. A Rússia surpreendeu a todos com um bom time capaz de derrotar a melhor seleção da Euro até o momento.

Que venham mais jogos como esse, porque achei o de hoje ( Espanha x Itália) um pouco mais fraco, uma pena.

Rodrigo Lois disse...

Realmente o jogo entre Italia e Espanha foi mais fraco do que as outras partidas das quartas de final, principalmente porque a italia ficou na defesa muito tempo, nao foi ofensiva. Soh partiu mais pro ataque quando o camoranesi entrou. Que bom que a espanha passou, pq se os italianos tivessem avançado de fase com esse futebol, os deuses da bola ficariam irados...

Felipe Schmidt disse...

Eu só alguns pedaços dos dois jogos. Mas a opinião geral é que a Rússia dominou a Holanda na prorrogação, e eu acredito nisso. Arshavin é muito bom jogador - quem joga Football Manager sabe disso rs - e deve ir para um grande centro em breve.

Quanto a Espanha e Itália, eu achei que, nos pênaltis, daria Itália, graças ao Buffon. Pois o Buffon só acerto o canto uma vez. Quebrei a cara.

E a Turquia hein? Quase apronta de novo.