2 de jul. de 2010

2014 é logo ali


"Agora vamo Argentina!"

Agora que a Copa acabou para o Brasil, fica uma dúvida: o que, afinal, é preciso para se sair vencedor e não parar nas quartas-de-final para adversários inferiores? Depois de duas experiências – completamente opostas – fracassadas, o futuro da seleção agora é uma incerteza, sem o técnico que a fez eficiente, mas também burocrática e sem opções.

Após 2006, chegou-se a um consenso: linha dura é a solução. Depois da baderna que se viu em Veggis e na falta de comprometimento de uma seleção cheia de craques, pensou-se que a concentração era o caminho. Veio Dunga, seu futebol de (bons) resultados e pouca empatia com a imprensa, a isolação em relação ao torcedor, o contra-ataque e o fim foi o mesmo: degola nas quartas-de-final.

Para 2014, vislumbra-se um horizonte de muitas opções talentosas do meio para frente, mas é preciso se desfazer de jogadores experientes que jogaram bem nestes três anos e meio sem sexo, digo, com Dunga? Júlio César vive fase espetacular e goleiros costumam atuar em bom nível até mesmo com idade avançada, Maicon parece incontestável e a zaga com Lúcio e Juan foi o setor mais injustiçado das últimas duas Copas, com atuações seguras que não foram capazes de fazer a diferença para o Brasil.

No fim das contas, Dunga trouxe algo de bom para o futebol brasileiro: mostrou o outro lado da moeda, afinal, vemos nesta Copa as vitórias anti-geniais, se assim se pode dizer. Só saudosistas não enxergam que preparação física e psicológica e equilíbrio defensivo estão garantindo os bons resultados, mesmo que causando a derrota de outro bom sistema defensivo. Assim, um técnico com mentalidade competitiva, como Dunga, mas com menos cabeça dura, seria o primeiro passo.

Considero o nome de Leonardo uma boa aposta. Já se viu com o próprio Dunga que iniciantes podem fazer bons papéis. E o ex-técnico do Milan me parece dotado do discernimento para fazer essa mescla. O trabalho no time italiano foi prejudicado pela humildade nos investimentos, mas talvez na Seleção, com um material humano (expressão adorada pelos técnicos) de grande qualidade, faça um bom trabalho.

Com relação aos jogadores, Dunga “pescou” bons nomes, que podem ter continuidade: Maicon, Daniel Alves, Ramires, Elano. Além, é claro, de incontestáveis como Júlio César e Kaká. Em 2014, alguns nomes virarão realidade, como Ganso e Philippe Coutinho, outros podem ser alçados à condição de grandes jogadores, como Pato, Hernanes, etc. Só não me venham com Felipe Melo!

Sei que neste ano aquela tradicional sensação de vazio após uma eliminação não foi tão forte, muito pelo desamor ao Dunga. Mas Copa do Mundo é Copa do Mundo e todo mundo quer ganhar. Imagine a festa no Maracanã com um título daqui a quatro anos...

Bom, antes de me despedir, gostaria de deixar algumas observações sobre essa eliminação do Brasil

1) O Brasil perdeu pra si mesmo. Não há nada que pareça mais arrogante que isso, mas não vi no time uma apatia típica de quem foi anulado, muito menos no time da Holanda essa superioridade. O que houve foi um desequilíbrio emocional impressionante. Pareceu-me que o gol de empate, por ter sido ocasionado por uma falha de comunicação, deixou os jogadores inseguros. Obviamente, a Holanda cresceu, mas o Brasil ainda criava suas chances. O segundo gol desmoronou completamente o emocional da seleção. Menos o do Felipe Melo, já que ele não tem emocional nenhum. Deve ter ficado imaginando as manchetes o chamando de “fodão” pelo passe para Robinho e, quando viu o cenário se inverter, desceu a porrada no primeiro que apareceu e foi para o vestiário sem a menor cara de arrependimento. Falhas bizarras de saída de bola e a lamentável cena dos jogadores brasileiros olhando a Holanda perder o que seria o terceiro gol mostram que a seleção não estava pronta para ficar atrás.

2) O primeiro tempo foi um desperdício. O Brasil mostrava entrosamento entre suas principais peças e faltava um toque a mais para que mais gols saíssem. Foi um desperdício porque, quando estávamos superiores, não soubemos matar como o time de Dunga se acostumou a matar. Geralmente, isso dá margem ao azar. E em Copa do Mundo, uma série de atributos têm de obrigatoriamente estar a seu favor: competência, talento, concentração, sorte. E a sorte não esteve com o Brasil. E com um lance, a Holanda entrou no jogo e o andamento todo se alterou.

3) Felipe Melo e Dunga. O primeiro me fez pensar no que acontece em sua cabeça. Fiquei me indagando se seria mais um caso do flamenguismo, uma doença que atinge pessoas ao redor do Brasil, algumas na infância, outras ao serem contratados para jogar por este time. Seus sintomas são a falta de caráter, a violência e a inclinação para o crime. No caso de Melo, mais conhecido como Felipe Merda por William Waack, a doença o faz perder o controle ao primeiro sinal de violência. Ele então começa a distribuir pontapés e só para quando recebe cartão vermelho, é substituído ou preso.

Já Dunga não pode ser tão criticado pelo jogo de seu time, que não saiu de suas características e,a bem da verdade, fez um bom primeiro tempo. No entanto, a falta de opções no banco e a demora em colocá-las para jogar são culpa exclusivamente do técnico, que se viu enrascado depois de sofrer o segundo gol. Na verdade, quando o Felipe Melo foi expulso nós já sabíamos qual seria o fim. Só não queríamos acreditar.

4) Mick Jagger, seu desgraçado!

De agora em diante, só existe uma cena que pretendo ver na Copa: “Ih, olha lá o Mick Jagger torcendo pela Argentina!”. Pronto, tenho certeza que estarei feliz.