6 de ago. de 2008

Eu acredito (em Harvey Dent); ou Through The Looking Glass; ou mesmo: O coração ainda pulsa.

O coração, mesmo ferido...

O inexorável e a dureza do mundo...

Eu acredito e quem acredita sempre...

Quem espera sempre...

O coração.

Guerrón dispara no final do segundo tempo da prorrogação

Ninguém espera o imponderável: Federer perde pra Nadal

Pior para história e para o futebol

E pro coração.

A garganta seca

As lágrimas não secam

E o coração...

Trancos e barrancos

Jovens queimam na fogueira

- Fogueira das vaidades -

- Vamos brincar no Brasileirão.

Mas estamos perdendo as peças:

Thiagos fazem falta

Quebra-cabeças

Fundem a cuca

Fodem o cuca

E não se completam.

Tudo é parecido

Nivelado

Lá de cima ou aqui de baixo,

Tudo parece tão igual...

E, no meio disso tudo,

O coração...

O coração...

O co-ra-ção...

(eu ganhei do São Paulo e do Boca)

O coração ainda pulsa.



Dia 21 de maio. Fluminense e São Paulo protagonizam, pelas quartas-de-final da Libertadores, um dos melhores jogos do ano. Numa partida épica, o Flu vence por 3x1, com dois gols de Washington.

Dois meses e meio depois, as duas equipes se encontram novamente, pela 18ª rodada do Brasileirão. A situação do tricolor (preciso lembrar que tricolor só há um?) é quase diametralmente oposta. Desmonte do elenco, falta de peças de reposição, crises financeiras e políticas, insatisfação da torcida... o Fluminense parecia ir morrendo aos poucos. Antes do jogo desta quarta-feira, no Maracanã, os torcedores promoveram um enterro simbólico.

Mas o coração ainda pulsava.

O jogo, em si mesmo, foi morno. São Paulo e Flu pouco produziram. O primeiro tempo teve poucas boas jogadas – a se destacar, apenas um bom lance, pelo lado do tricolor, que começou com um passe de Tartá para Somália, que driblou Joílson e cruzou para o meio da área, onde Washington aguardava, livre. Mas o Coração Valente chutou por cima do gol.

As (poucas) chances do SPFC foram, em sua maioria, repelidas por Roger.

No segundo tempo, o jogo ficou mais interessante. O São Paulo teve um bom momento no início, quando marcou seu gol, mas foi só.

Durante o resto da partida, o Flu foi mais consistente, chegando com perigo em boas jogadas de Tartá (que vem se firmando no time) e Conca (que, apesar das oscilações, ainda é o melhor meia do Brasil – jogar o que ele joga no time perdido do Fluminense não é pra qualquer um).

Durante o resto da partida, o Flu marcou três gols, que, ironicamente, formaram o mesmo placar do jogo da Libertadores.

Durante o resto da partida, como se já estivesse escrito, como numa irritante repetição da mesma música, Washington é o herói. Marca três vezes e dá a vitória ao Flu.

Como num espelho, parece que a mesma partida se repete. Uma no auge, outra no fundo do poço. É mesmo um espelho: tudo está invertido.

O Fluminense se olha no espelho, um espelho quebrado, e vê um time que vem sendo decepado pouco a pouco. O reflexo é mera sombra do que o time era. Ou, ainda, é o inverso: um time apático, que mal consegue encontrar forças pra lutar. É outro lado da moeda. Da mesma moeda.

E se Harvey Dent já nos provou que caos e ordem podem ser encontrados no mesmo rosto, o Fluminense precisa tirar daí forças para, de fato, ressuscitar, não apenas simbolicamente.

(O coração ainda pulsa).

Mas não se pode deixar essa recuperação ao sabor do acaso. Contratações estão sendo feitas, puxões de orelha foram dados... estamos escolhendo qual das duas caras vamos dar a tapa. Qual imagem que o espelho irá mostrar.

E não é só o Flu que é feito de altos e baixos, de espelhos quebrados, de duas caras: o campeonato brasileiro tem sido assim, oscilante. Um integrante do G4 perdeu para o penúltimo colocado. O Ipatinga já pregou peças nos líderes.

Parece que, no fim das contas, corações pulsantes batem descompassados, atravessamos espelhos diariamente e a cada rodada Harvey Dent joga sua moeda.

Cara... ou cara?

6 comentários:

Rodrigo Paradella disse...

O que derrubou o Fluminense nesse primeiro turno foi, principalmente, o fato de estar na zona do rebaixamento quando perdeu pra LDU.

O que já era traumático virou drama, de time candidato a melhor do mundo a um dos piores do Brasileiro. Foi nesse momento que toda a fanfarronice do Renato Gaúcho virou deboche, que o flu pareceu, mais que nunca em sua história, uma cinderela depois da meia-noite.

Isso destruiu as energias do time, algo parecido, em proporção muito maior, é claro, com o que aconteceu com o Botafogo, que agora reage com mais força que antes, depois da perda da CdB, onde todas as forças do clube pareciam ter ido embora.

Enfim, se o Fluminense conseguir sair desse estado, tem tudo pra conseguir uma reação e escapar do rebaixamento. O que impede sonhos maiores é a demora que o Flu demonstra pra acordar, muito culpa da arrogância de início de campeonato que o levou a essa situação.

James M. Barrie disse...

Não dá nem pra se cogitar uma comparação entre Fluminense e Botafogo, uma vez que os extremos são muito mais flagrantes.
Ir de perda da Copa do Brasil a posição mediana no Brasileiro é bem diferente de se chegar a uma final de Libertadores e, pouco depois, ver-se na vice-lanterna.

Arrogância de início de campeonato? Não vi nenhuma. Inclusive times que disputavam a Copa do Brasil adotaram a mesma postura do Flu - acho que o Botafogo fez isso, mas não tenho certeza; o Atlético-MG eu tenho certeza de que fez - e colocaram os reservas pra jogar.
A diferença é que, além de o Flu ter ido mais longe e, conseqüentemente, ter ficado mais tempo jogando com a equipe de reservas/juniores, estava totalmente focado na Libertadores em termos psicológicos, o que ocasionou uma certa apatia, mesmo por parte dos reservas, no Brasileirão.

E o baque da derrota, denúncias de conluios entre a diretoria e cambistas, perda de peças importantes fizeram com que o Flu não conseguisse uma recuperação rápida.
Fica quase impossível, agora, sonhar com vôos mais altos no campeonato - talvez no máximo uma Sul-Americana.

Rebaixamento está fora de cogitação. Muito difícil o Flu ser rebaixado. O time atual, do jeito que tá, obviamente não é tão forte quanto antes, mas ainda assim tem bons jogadores (o grande problema continua a ser o técnico - Renato é motivador, mas motivação é complicada de se ter numa hora dessas). O time titular do Fluminense, no papel, é melhor que o de Botafogo, Flamengo, Vasco, e pouco deve aos líderes - certamente pode ser comparado a times como Grêmio e Cruzeiro.
Ainda mais se admitirmos que há a possibilidade - remota, é verdade - da volta dos Thiagos.

Enfim, escapar do rebaixamento eu vejo como algo quase certo. Mas, provavelmente, ficará por isso mesmo, e uma posição intermediária na tabela será tudo o que restará do Flu que jogou o melhor futebol do país no primeiro semestre.

Felipe Schmidt disse...

O Flu não cai, mesmo com o time, como disse o Gabriel, decepado. Ainda assim, tem caras que vão garantir os pontinhos necessários, como o Washington e o Conca. O negócio é aproveitar os jogos no Rio para somar pontos. Acho que o Flu ainda chega na Sul-Americana.

E o problema foi mesmo ter usado os reservas por um bom tempo. O banco do Fluminense é fraco, tem alguns jovens talentosos,mas que ainda não estão prontos.

E o Renato Gaúcho é fraco, é bom motivador, mas tem horas que só motivação não funciona. E convenhamos que o time titular do Fluminense é muito bom, mas quase não tem reposição e, com vários jogadores fora, tornou-se um time comum, median, ainda que, como eu disse, tenha jogadores capazes de garantir vitórias.

Ruy Moura disse...

Um comentário, com todo o respeito: a arrogância gratuita de Renato Gaúcho pejudicará sempre o time onde ele estiver. Depois da Libertadores, o Brasileirão seria para 'brincar', não seria?... Irresponsabilidade pura, tratando-se de um treinador de futebol de um clube grande.

Saudações esportivas

Rodrigo Lois disse...

Agora, com a saída de Renato Gaúcho, acho que o buraco está mais fundo para o Flu. Não que ele seja um grande técnico, mas a sua demissão evidencia o desespero da diretoria.

O time das Laranjeiras até tem jogadores para sair dessa situação vergonhosa, se levarmos em consideração outras equipes do Brasileirão, mas o lado psicológico do grupo só irá melhorar no final do ano, isso se algum dia melhorar.

A derrota para a LDU, em casa, no momento de maior glória para o clube, irá marcar a carreira de FH, Luiz Alberto, Arouca e cia para sempre, queiram ou não. Ainda mais da maneira que o cenário épico foi construído, através de uma campanha única, com vitórias hitóricas sobre SPFC e Boca, acompanhadas de declarações exageradas do técnico.

Além disso, os pontos do início da competição pelos quais o time sequer batalhou (já que só eram escalados os reservas + garotada) estão fazendo muita falta.

Minha opinião está alinhada com a maioria dos que já comentaram o post, com uma única e apocalíptica diferença: não posso afirmar que o Fluminense escapará do rebaixamento, assim como Vasco, Santos e Atlético Mineiro. Uma ferida do tamanho da festa que a torcida fazia nos jogos da Libertadores no Maracanã não fechará tão rapidamente. Contratações não são fechadas da noite para o dia.

Segundo a minha tia, Mãe Diná, o futuro ainda é muito nebuloso para Fluminense, Vasco e Santos.

Anônimo disse...

Agora venho com tudo para botar pra fuder.