13 de dez. de 2008

Como prever o campeão brasileiro de 2009


Não, não é um manual de iniciação na antiga arte da adivinhação ou do chute puro e simples, este breve guia é baseado em fatos estritamente reais.

O manual de como fazer a – aparentemente - difícil previsão conta com alguns itens. Começo detalhando o primeiro deles neste post.

1 – O poder econômico do clube é essencial

O primeiro, e talvez mais importante de todos, item deste manual destaca o poder do dinheiro em campeonato de pontos corridos como o brasileiro. Não, não é que o dinheiro seja gasto para comprar juízes, jurados do STJD e dirigentes da CBF. Pode até ser para isso, mas não é esse tipo de coisa que faz o poder econômico fundamental para um clube que almeja o título brasileiro.

Todos que se dão ao trabalho de ler este texto sabem que qualquer clube precisa de um elenco com muitas opções para ser estável durante uma competição longa como essa. O problema é que um elenco grande – e de qualidade – custa caro. E quem tem mais condições e margem de erro para formar um bom elenco? Não poderia ser mais óbvia a resposta. 

Esta é uma divisão em grupos dos clubes que disputaram o campeonato de 2008 por ordem de riqueza ou poder de investimento (leia-se: patrocinador, fundos de investimento e etc):

Classe A

São Paulo

O fato de estar em grupo separado já diz tudo. É o clube que mais fatura e o que mais gasta no futebol brasileiro, por isso tem sempre – basta querer - o melhor elenco da Série A. Resultado? Tricampeão brasileiro e maior campeão na era dos pontos corridos.


Classe B

Palmeiras
Fluminense
Cruzeiro
Internacional
Flamengo

Este grupo forma o que se pode chamar de a classe média alta do futebol brasileiro. Apesar das diferentes formas de arrecadação, são os times que mais faturaram nos últimos anos, com exceção do Palmeiras. 

O clube paulista conta, desde o início deste ano, com a parceira Traffic que financiou a vinda de jogadores como Kleber, Henrique e Diego Souza, o que trouxe uma perspectiva de grande exposição para a Fiat, patrocinadora que investe R$ 11 milhões anuais no porco. O Flamengo conta com a Petrobras e a numerosa torcida que tem. O Flu tem talvez o maior patrocinador - entre contrato e salários pagos – do futebol brasileiro, além de contar com a ajuda do Grupo Sonda. O Inter é, dos 5, o que recebe menos do patrocinador, mas ganha mais de R$ 2 milhões mensais com seu bem-sucedido plano de sócio-torcedor. O Cruzeiro é mais misterioso que os outros quatro do grupo, mas certamente está no mesmo patamar de investimento.


Classe C

Grêmio
Botafogo
Santos
Goiás

A classe média-média do nosso futebol conta com o Grêmio, que se sustenta de forma parecida com o Inter, embora não seja tão bem-sucedido; o Botafogo, que, com a ajuda de parceiros como a Ability e MFD e do patrocínio da Liquigás, tem um poderio razoável apesar das dívidas; o Goiás que tem lá sua força como potência regional e clube bem administrado e, finalmente o Santos, que ainda vive das sobras do dinheiro do melhor time brasileiro dos últimos anos, o de Robinho, Diego e Cia.

Estes são times que, se não conseguem vencer sempre os clubes do grupo superior, pelo menos arrumam uma ou outra vitória isolada contra os mesmos. Casos das negociações de Souza do Grêmio, Túlio Lustosa no Botafogo em 2007 e Iarley no Goiás. 


Classe D

Coritiba
Vasco
Vitória
Sport
Atlético-MG
Atlético-PR

A partir deste segmento, todos os clubes precisam de revelações e descobertas para sobreviverem. O Coritiba revelou o artilheiro Keirrison, terminou em 9º. O Vitória apresentou o bom meia Marquinhos, passou o campeonato sonhando com Libertadores como o Coritiba e encerrou sua participação na confortável 10º colocação. Em menor escala, o Atlético revelou o talentoso Renan Oliveira e se salvou com certa antecedência do rebaixamento.

O Sport disputou a competição com a tranqüilidade de quem não tinha porque lutar demais por uma boa posição e tinha formado um elenco razoável. Terminou em uma boa e justa 11º posição na tabela.

Vasco e Atlético-PR não revelaram grandes valores – apesar de Mádson e Alex Teixeira serem bons jogadores, não traduziram seus talentos em regularidade pro clube da colina. Resultado: o Vasco caiu; o Furacão, quase. 

Classe E

Figueirense
Náutico
Portuguesa
Ipatinga

Estes são os miseráveis da Série A. Dos quatro, três caíram. O Náutico, único que se salvou, terminou a apenas alguns gols de saldo do Figueirense, primeiro entre os rebaixados.

O Ipatinga viveu seus anos de ouro enquanto teve parceria com o rico Cruzeiro. Depois disso ainda conseguiu subir da Série B para a elite, mas amargou dois rebaixamentos seguidos, no Campeonato Mineiro e no Campeonato Brasileiro.

A Lusa, que já foi mediana, hoje é pequena e ainda ficou em pior situação quando a saída Diogo ocorreu e o clube não pode – talvez por causa das dívidas - contar com mais dinheiro para reforçar seu elenco.

Náutico e Figueirense são clubes quase intermediários no cenário brasileiro atual, mas investiram pouco nesta temporada. Como retorno tiveram a 16º e a 17º posições, respectivamente.

Comparação

Terminada esta exposição, uma rápida comparação entre os grupos determinados acima e suas posições no Campeonato Brasileiro.

O São Paulo, único integrante da Classe A foi campeão, apesar das dificuldades.


Da Classe B, que reúne os clubes que estão entre o 2º e o 6º mais ricos do país, apenas o Fluminense não terminou a competição na zona correspondente, apesar de ter feito boa campanha na Libertadores e se complicado no Campeonato Brasileiro por causa da perda do título internacional. O clube das Laranjeiras foi a maior decepção do campeonato, terminando em 14º.


Na C, que conta com clubes que estão entre o 7º e o 10º mais rico, Grêmio e Santos não terminaram na zona correspondente aos seus poderios econômicos. O clube da Vila Belmiro decepcionou e, mesmo com um elenco razoável, terminou na péssima 15º posição. O Grêmio fez o contrário e foi a surpresa positiva do campeonato, sendo vice-campeão com um elenco mediano.

A Classe D teve leves variações para cima e para baixo. O Coritiba e o Vitória fizeram campanhas positivas em relação aos seus investimentos, terminando em 9º e 10º, respectivamente, enquanto o limite positivo do grupo seria na 11º colocação. As boas revelações apresentadas pela dupla podem ser apontadas como motivo para esta leve surpresa.

O Vasco seguiu caminho contrário e foi o único que caiu do grupo, ficando abaixo do limite negativo, que seria na 16º posição. O clube da Cruz de Malta terminou na 18º, não tão distante de onde deveria.

Já Galo, o Furacão e o Sport terminaram exatamente onde tinham forças para ficar, entre a 11º e a 16º posição, sem caírem nem brigarem por Libertadores, embora o Sport tenha se classificado pela Copa do Brasil.

Na Classe E, só o Náutico se salvou e terminou fora da sua posição esperada. A sua força no Estádio dos Aflitos talvez tenha feito a diferença a seu favor e salvo o clube. Os outros três eram rebaixados mais óbvios e assim foram até o final.

Conclusão:

De 20 clubes, 13 ficaram exatamente onde ficariam em uma análise econômica. Outros quatro ficaram a menos de 2 posições de onde deveriam ficar. Os motivos para as discordâncias serão analisados nos próximos posts.

8 comentários:

Anônimo disse...

bem interessante seus comentários...

postei em uma comu do orkut...

parabéns...

Unknown disse...

Um dos melhores artigos que já li sobre o brasileirão-08 na internet.
Seu talento pra escrever é raro!
Declarações bastante objetivas, não li nada que eu discordasse... realmente muito interessante.
você escreve como poucos.

kudos.
parabéns.

Glauco disse...

Muito bom o levantamento. E o Corinthians estaria em qual classe hoje?

Etchatz disse...

Muito boa a análise, pequeno Bony.

Saulo disse...

Sensacional o seu post.
Ano que vem vai acontecer muita mudança de elenco ainda.

Ruy Moura disse...

Bem bolado esse artigo postado.

Abraços.

Jogo Aberto disse...

afim de fazer parceria? trocar link? eu boto o seu e vc coloca o link do meu blog

Anônimo disse...

Mutio bom o seu dom pra escrever , mas os times não estão nada assim