30 de mai. de 2013

Não expulsa as invejosas



Bom, antes de mais nada, gostaria de deixar só alguns avisos.

1)Eu sei que nossos fãs estão ávidos por isso, mas este não é um retorno oficial do Ecos do Maraca. É como aquela sua banda favorita que tinha acabado há uns 10 anos e agora resolveu voltar só pra fazer uns showzinhos caça-níquel. É isso.

2)Como o Maraca vai voltar, nada melhor do que retomar um pouco os trabalhos aqui. É, mas da mesma maneira que o Maraca que a gente conhece não existe mais, talvez o Ecos do Maraca gostoso de ler acompanhado de Fofura e Coca-Cola talvez não exista mais. Hoje, tá todo mundo bem empregado, gordo e com responsabilidades. Primeiro a grana, depois a diversão. Aliás, falando em grana e em estádio, sou totalmente a favor de negociar os naming rights do blog. Algo como “Ecos do MaracaNike”, por exemplo, soa justo pra mim. Podemos colocar os números na mesa?

3)O termo blogspot parece algo como “486 com Windows 95” pra mim. Vamos lá, tem alguma plataforma mais agradável para os nossos milhões de leitores?

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Agora vamos ao que interessa. Como todos vocês sabem, ontem foi um dia glorioso para o futebol brasileiro. O Botafogo venceu , Vasco e Flamengo foram varridos pra fora do estádio, até o peçonhento Boca Juniors – que morreu igual barata, só depois de muito esforço – levou um chute na bunda. Mas é claro que o resultado que marcou a noite foi que o Fluminense perdeu. O FLUMINENSE PERDEU, GRAÇAS A DEUS. Óbvio que o Facebook entupiu de piadas, o Salgueiro achou o enredo do carnaval do ano que vem e etc. Esse sentimento de que um título do Flu na Libertadores seria insuportável me fez pensar: é preciso ser invejoso pra ser um torcedor de verdade?

Sempre prezei pela moral e os bons costumes, nunca fui de odiar meus rivais. Futebol é uma coisa muito pequena pra definir minha opinião sobre um grupo de pessoas. Por que eu deveria odiar alguém só porque ele tem uma outra preferência? Por certas vezes, até torci para o Vasco ou Fluminense. Mas sério, só de pensar no Fluminense – ou no Galo – como campeão sul-americano, quiçá mundial...não, melhor não pensar. Eu até acho que são bons times e merecem, mas não dá. Isso significaria que um deles teria uma Libertadores e o meu time, não. E antes que venham dizer que se for por isso eu deveria ter inveja do América, que tem mais títulos que o Botafogo e blablabla, o que eu mais vejo são justamente flamenguistas loucamente comemorando a eliminação do Flu. Isso me fez pensar: será que o certo é invejar?

Qual o sentido de se torcer pra um time se você não se importa que ele perca e pior, se aqueles que mais são responsáveis pelas suas derrotas saírão vencedores em cima do seu fracasso? Futebol – e qualquer esporte – é rivalidade. Não é bom senso. A lógica é simples: tudo que vai, volta. Quando o Botafogo foi campeão carioca, o que mais teve foi gente menosprezando o título. Mas certamente se algum dos outros três grandes tivesse vencido a competição, a torcida encheria o peito pra dizer que está acima dos rivais. Para falar a verdade, nem me incomodei. É sadio. Não é legal poder encerrar qualquer discussão mandando a pessoa tomar no cu e simplesmente soltando “você não pode falar nada”? Meu pai, por exemplo, NUNCA reconhece os feitos dos rivais: se o Flu ganha, foi porque o adversário era fraco. Se o Bota perde é porque estava desfalcado. Nunca, nunca, um rival tem mérito na conquista. Torcer não seria isso? Se você acha que essa jornalistada que você vê na TV parece super imparcial, acredite: no fundo eles querem que o Mengão ganhe e o Flu tem mais é que se fuder.

De agora em diante, decidi que não vou mais expulsar as invejosas. São a essência de se torcer. Uni o pensamento de dois filósofos e montei minha própria teoria. O primeiro deles, Sócrates, diz que é pior cometer uma injustiça do que ser injustiçado, “porque quem a comete transforma-se num injusto e quem a sofre, não”. O segundo filósofo, Túlio Maravilha, diz que “o perdedor justifica e o vencedor comemora, é isso que nós tamo fazendo aqui”. Bom, invejar uma pessoa é ser injusto, não? Logo, quem inveja uma pessoa comete uma injustiça. Invejar é pior do que ser invejado, certamente. Mas tá tudo bem. Resumindo: não terei problema algum no fim do ano quando meu time for campeão de tudo. Invejar é do jogo.

PS: Para quem não conhece o Canhoto, seus textos são mais ou menos como os de Rica Perrone: não precisa fazer sentido. Mas olha lá, não é porque eu tolerei a inveja no futebol que é pra você chegar no trabalho e criar intriga pro seu chefe, almejando aquele cargo do coleguinha que você inveja. Não faça isso. Ou pelo menos, se fizer, coloque a culpa no Félix.