27 de dez. de 2008

Ecos do Maraca/JS Online Entrevista: Luizinho Rangel


Um 2008 sem títulos, mas de muitas conquistas para os juniores do Bota

Rodrigo Paradella – rparadella@jsports.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 

Apesar da falta de títulos, o ano foi de conquistas para os juniores do Botafogo. Este é o balanço que Luizinho Rangel, técnico da equipe júnior do Alvinegro, faz da temporada. Em entrevista ao JS ONLINE, o treinador falou um pouco sobre o ano do clube nas divisões de base.

Segundo Luizinho, o ano foi, principalmente, marcado por evoluções da equipe nos campeonatos em que disputa. O quarto lugar no Campeonato Carioca, aparentemente um desempenho apenas razoável, foi celebrado devido à evolução em relação aos últimos campeonatos estaduais, quando tinha de se contentar em lutar para não terminar na última posição da tabela.

“A temporada foi muito boa. Nós, que ficávamos sempre entre os últimos no Carioca, terminamos em quarto. É uma evolução em relação aos últimos anos”, diz Luizinho, que espera, no mínimo, repetir o desempenho no campeonato estadual de 2009, que começa no dia 25 de janeiro.

“A meta para o Carioca é chegar novamente entre os quatro primeiros”, explica, com os pés no chão, mas sem deixar de sonhar com o título.

“Pela tradição do Botafogo, a gente tem que entrar em qualquer competição pra disputar título, pra ser campeão, independentemente das nossas dificuldades”, diz, lembrando que, na OPG, o clube chegou à final contra o Fluminense, superando adversários de peso como Flamengo e Vasco.

“Os times são nivelados, tanto que chegamos na final do OPG, mesmo tendo uma estrutura menor que Vasco e Flamengo”, comenta.

A equipe, que acaba de entrar de férias depois da final do Torneio Octávio Pinto Guimarães, se apresenta dia 5 de janeiro para o início da preparação para o estadual. A competição será a prioridade no começo da próxima temporada, uma vez que o clube não disputa a tradicional Copa São Paulo de Juniores, que começa no dia 3 de janeiro, o que dará maior tranqüilidade à preparação para o Campeonato Carioca.

Porém, Luizinho admite que não disputar a Copa São Paulo não é o ideal. Segundo o treinador, o clube, que também não participou da última edição da competição, sai prejudicado com a ausência.

“O Botafogo perde muito. Os jogadores também perdem muito com isso. É uma competição importante e nós queríamos participar. Mas a decisão partiu de um consenso entre o Bebeto e a coordenação do amador e nós temos de aceitar”, diz, lembrando que os jogadores perdem uma importante vitrine, o que diminui o interesse de alguns em jogar pelo clube.

Apesar de todas as dificuldades devido ao fato de ter a menor estrutura entre as divisões de base dos grandes carioca, Luizinho Rangel acredita que a base alvinegra começa a se aproximar de seus objetivos com a cessão de atletas para o futebol profissional.

 “O mais importante é que a equipe de juniores está conseguindo botar jogadores no profissional. Revelar jogadores e ajudar o clube é a meta de qualquer divisão de base”, analisa Luizinho, que revela os jogadores que devem se juntar ao elenco profissional a partir de 2009.

“Confirmados nós temos o Laio (atacante), o Wellington Júnior (volante e lateral) e o Jougle (meia e volante). Fora esses três, ainda estamos estudando a possibilidade de levar o Pará(meia e lateral) e o Gabriel(lateral) para o profissional”, explica.

Os três jogadores confirmados no profissional já foram relacionados em jogos do Alvinegro no profissional. O lateral e meia Wellington Jr. chegou, inclusive a marcar em uma partida do Campeonato Carioca. O atacante Laio, atualmente o mais badalado dos três, foi vice-artilheiro do OPG, com 14 gols, recebendo elogios de Ney Franco, técnico da equipe profissional.

Mas o momento não é só de alegria pelo bom ano de 2008. Com a ascensão de alguns jogadores para o profissional, o técnico Luizinho Rangel e a coordenação de futebol amador do clube terão trabalho para remontar a equipe para as competições de 2009. A situação se complica um pouco mais pela proximidade do Carioca de juniores, mas isso não preocupa Luizinho, que tem confiança na qualidade do time juvenil alvinegro.

“Com a saída desses jogadores que foram para os profissionais e os que não renderam o esperado, temos que reformular o elenco. Uma vantagem que nós temos é que o juvenil do Botafogo é muito bom. Ele vai ser fundamental nessa reformulação”, analisa.

O balanço final de 2008 é positivo. A esperança da torcida alvinegra é que o de 2009 seja ainda mais feliz. Se possível, que venham os tão desejados títulos e revelações para os profissionais. Este é o desejo da torcida do Botafogo para que o clube tenha um 2009 ainda melhor.

17 de dez. de 2008

Ecos do Maraca entrevista: Rafael Casé

De manhã no Redação Sportv, à tarde falando para o Ecos do Maraca...

Rafael Casé , 45 anos, é formado em Jornalismo e Relações Públicas pela Uerj, onde também é professor. Com passagens pelas TV’s Manchete, Globo e SBT, atualmente está na TV Brasil, onde trabalha como diretor do programa “Observatório da Imprensa”. Com quatro livros publicados, Casé nos recebeu para uma entrevista acerca do lançamento do último deles, a biografia "O Artilheiro que Não Sorria - Quarentinha , o Maior Goleador da História do Botafogo". Eis a conversa:

Socialmente e futebolisticamente falando, quem foi Quarentinha?

Rafael Casé: Como jogador, foi um goleador nato, tinha um chute com a perna esquerda muito potente, embora também soubesse bater bem com as duas pernas, cabeceasse e armasse jogadas bem, o que fez com que, segundo nosso levantamento, ele marcasse cerca de 500 gols em sua carreira, sendo 313 pelo Botafogo, em aproximadamente dez anos de clube. Como pessoa, era extremamente reservado e em sua casa não se falava sobre futebol, não desejava que seu filho seguisse a mesma carreira. Era uma pessoa muito fechada. Só se abria com quem tinha muita intimidade, o que fez com que sua imagem para o público em geral fosse de alguém que não sorria.

Por que a opção por Quarentinha?

RC: Na verdade, o Quarentinha me escolheu. Para mim, foi um prazer, porque pude resgatar a história de um sujeito que tem muita importância no futebol do Botafogo e do Brasil , até porque um perna de pau não faz mais de 300 gols, mas somente um craque. O que admiro neste livro é que ele traz Quarentinha de volta para os torcedores do Botafogo, mostrando que é mais um jogador importante da história. Já havia biografias publicadas de Didi, Garrincha, Nilton Santos, Zagallo, ou seja, agora todos esses craques estão juntos novamente, só que na estante.

Dentre tudo que foi pesquisado, há alguma história pitoresca que se destaque acerca da vida de Quarentinha?

RC: Há uma história muito interessante sobre as viagens que se fazia àquela época. O time do Botafogo foi jogar na Suíça, onde os hotéis tinham um preço elevado, fazendo com que os dirigentes resolvessem colocar os jogadores num hotel na França. A equipe foi jogar às dez da noite e depois da partida houve uma recepção no hotel onde estavam hospedados os jogadores, o que os deixou acordados até as quatro da manhã. No dia seguinte, estava marcado um almoço na embaixada na Suíça, o que os fez retornarem ao país. Acabado o almoço, a delegação pegou um vôo para o Egito, onde chegaram somente à noite. Impressionados com o barulho que ouviam, descobriram um drive-in ao lado do hotel em que se passavam filmes eróticos, o que os fez permanecerem acordados até a madrugada. Por fim, no dia seguinte, os atletas estavam jogando uma partida contra o combinado do Egito, às 14h, sob um sol de 50° C, à sombra. Mesmo com essa loucura de fusos horários, todos adoravam, era uma vida que nenhum deles havia sonhado ter.

"{O Quarentinha} era uma pessoa muito fechada. Só se abria com quem tinha muita intimidade, o que fez com que sua imagem para o público em geral fosse de alguém que não sorria".

Como foi o processo de pesquisa?

RC: Começamos conversando com a família e, a partir daí, procuramos jogadores que jogaram com e contra ele, jornalistas da época, etc.Paralelamente a isso, fizemos uma grande pesquisa em periódicos, em revistas esportivas e jornais da época, para que pudéssemos fazer esse amarrado no conteúdo.

Como foi sua reação à recepção do público quando do seu lançamento?

RC: O lançamento de um livro é algo muito curioso. Fico pensando no que leva uma pessoa a ir a um lançamento de um livro para pegar o autógrafo de uma pessoa que ela não conhece. Só pode ser por uma identificação muito grande com o tema e daí ter a curiosidade de conhecer quem escreveu. Foram muitas pessoas que tinham visto Quarentinha jogar, pessoas de mais idade que estavam gostando de ver sua história ser contada. Um exemplo disso foi uma senhora de uns 70 anos que apareceu lá espontaneamente, sem companhia, pegar seu livro. Isso é muito bacana.

Como você enxerga essa relação entre o público-torcedor que não viu Quarentinha jogar e o livro? Qual é o papel do livro nela?

RC: A literatura esportiva tem crescido bastante, porque há procura. As pessoas têm interesse em buscar a história, a questão é que vivemos numa sociedade que valoriza muito pouco a leitura. A história de Quarentinha a princípio parece atrair somente quem torce pelo Botafogo, mas o livro é muito mais do que isso, é um retrato de duas décadas muito importantes para o futebol brasileiro, que é uma expressão da cultura do país, da sociedade da época , traçando um panorama de um período muito importante para o Brasil.


Por que Quarentinha não tem tanto reconhecimento pelo público?

RC: O Botafogo valoriza muito pouco qualquer jogador, até mesmo Garrincha e Nilton Santos só foram valorizados mais recentemente. Quanto ao caso de Quarentinha, acho que se deve principalmente ao seu temperamento. Ele não era um jogador marqueteiro, não buscava se autopromover. Atualmente, o jogador faz três gols e busca aparecer de qualquer forma. Sendo assim, seu temperamento arredio fazia com que ele não se aproximasse da mídia, o que acabou se refletindo na torcida. A seu favor, Quarentinha teve as estatísticas. Ele não foi esquecido porque é e nunca deixará de ser o maior artilheiro da história do Botafogo. Assim como Dinamite no Vasco ou Zico no Flamengo, Quarentinha nunca será ultrapassado como maior artilheiro do clube, até pela realidade atual do futebol.

Existe algum outro jogador do Botafogo que não tenha tido o devido reconhecimento à sua obra e que merece ter sua história estudada?

RC: Vi o Manga jogar no fim de sua carreira no Internacional, e ele ainda era um grande goleiro. Quem o viu jogar diz que ele foi um dos maiores goleiros de todos os tempos do futebol brasileiro. Também não é tão lembrado porque era uma pessoa igualmente simples, de poucos estudos e que não teve oportunidades em Copas do Mundo. Embora não tenha sido goleiro de Copa, onde jogou foi ídolo, desde o Uruguai até o Rio Grande do Sul, não sendo diferente com o Botafogo. É o tipo de jogador cuja história é interessante de se contar, porque não é só a trajetória esportiva, porque há toda uma trajetória pessoal que se confunde com a realidade do clube, da cidade e do país. Isso que é bacana na biografia.

"...a partir dessas personalidades a pessoa pode conhecer mais sobre o seu país, o que indiretamente faz com que o indivíduo se interesse por outros assuntos do passado que talvez não fosse buscar num livro específico sobre tal tema".

Você pensa que, no futebol atual, existe algum jogador que possa ter essa relevância para um clube a ponto de se lançar uma biografia atrelada ao time?

RC: Muito difícil, talvez apenas Rogério Ceni possa representar uma exceção, por toda a imagem que conseguiu montar no São Paulo e por sua determinação de, mesmo tendo chance de sair do clube por um proposta melhor, ficar no time. O Rogério, além de ser um atleta de um clube só, ele tem um currículo com muitos títulos. Porém, ele é uma exceção, porque hoje em dia por qualquer “três mariolas” os jogadores estão saindo.

Existem muitas dificuldades para quem edita e escreve livros no Brasil?

RC: Escrever livro é só prazer. Dá muito prazer, mas não dinheiro. Se pudesse só trabalhar nisso, seria o que faria, mas há de se trabalhar em outras coisas para poder se sustentar. Ainda existe a questão da editora. Evidentemente, se o assunto é mais popular, há mais chance de se ter uma boa editora. Mas há toda uma estrutura editorial que dificulta as coisas, porém, se você tem uma grande editora, tudo é mais fácil. Ela deixa os livros mais expostos.

A falta de leitura contribui para a diminuição relativa da memória da sociedade?

RC: Certamente, não temos o hábito de resgatar biografias, isso é muito raro em comparação com o que se vê em outros países. Porém, isso está mudando, notadamente nesse ramo da biografia, o que é bacana, porque a partir dessas personalidades a pessoa pode conhecer mais sobre o seu país, o que indiretamente faz com que o indivíduo se interesse por outros assuntos do passado que talvez não fosse buscar num livro específico sobre tal tema.

Canhoto e Rodrigo Paradella

16 de dez. de 2008

Quarentinha vezes Google


Vamos todos ler porque a Internet emburrece as pessoas

Fim de mais um ano sem surpresa, sem ídolos (ou com ídolos, para quem não é das antigas), sem títulos, mas com estória para contar. O lançamento do livro "O Artilheiro que Não Sorria - Quarentinha , o Maior Goleador da História do Botafogo", de Rafael Casé, vem trazer a distração necessária para quem ficou um ano atrás de tal prêmio, de quem se preocupou demais com toda essa coisa chamada futebol.

A impressão que se tem é que, frustrações à parte, todos estão a fim de degustar uma boa leitura, respirar um pouco mais dessa botafoguicidade e se deixar envolver, conhecendo aprofundadamente a história de um dos maiores atacantes do futebol brasileiro e carioca. Peraí....atacante? Quarentinha? Quem?

Pois é, no mundo googleizado atual, soa estranho falar-se nesse nome ao se lembrar o que é o Botafogo. Inúmeras figurinhas fáceis, de ontem e de hoje, remetem ao imaginário atrelado ao preto e branco, e o engraçado é que muitas delas estavam ali, bem perto do artilheiro filho de Quarenta, também ex-jogador.

Para que tudo fique (um pouco) mais claro, dá-se a palavra para quem presenciou o evento: quem viveu com Quarentinha e sabe do seu lado boêmio, como o sambista Walter Alfaiate ( procure no Google se não sabe quem é); quem viu Quarentinha jogar, sabe do seu potencial e conta histórias nas quais acreditamos piamente, até que Rafael Casé(ou o Google) nos prove se é verdade ; ou de quem nem viu nem viveu, mas somente entrou no Google mesmo. Ou nem isso.

Mas se você não entrou nenhuma vez na Internet para fazer isso, por favor, acredite neles. Ou compre o livro.



13 de dez. de 2008

Como prever o campeão brasileiro de 2009


Não, não é um manual de iniciação na antiga arte da adivinhação ou do chute puro e simples, este breve guia é baseado em fatos estritamente reais.

O manual de como fazer a – aparentemente - difícil previsão conta com alguns itens. Começo detalhando o primeiro deles neste post.

1 – O poder econômico do clube é essencial

O primeiro, e talvez mais importante de todos, item deste manual destaca o poder do dinheiro em campeonato de pontos corridos como o brasileiro. Não, não é que o dinheiro seja gasto para comprar juízes, jurados do STJD e dirigentes da CBF. Pode até ser para isso, mas não é esse tipo de coisa que faz o poder econômico fundamental para um clube que almeja o título brasileiro.

Todos que se dão ao trabalho de ler este texto sabem que qualquer clube precisa de um elenco com muitas opções para ser estável durante uma competição longa como essa. O problema é que um elenco grande – e de qualidade – custa caro. E quem tem mais condições e margem de erro para formar um bom elenco? Não poderia ser mais óbvia a resposta. 

Esta é uma divisão em grupos dos clubes que disputaram o campeonato de 2008 por ordem de riqueza ou poder de investimento (leia-se: patrocinador, fundos de investimento e etc):

Classe A

São Paulo

O fato de estar em grupo separado já diz tudo. É o clube que mais fatura e o que mais gasta no futebol brasileiro, por isso tem sempre – basta querer - o melhor elenco da Série A. Resultado? Tricampeão brasileiro e maior campeão na era dos pontos corridos.


Classe B

Palmeiras
Fluminense
Cruzeiro
Internacional
Flamengo

Este grupo forma o que se pode chamar de a classe média alta do futebol brasileiro. Apesar das diferentes formas de arrecadação, são os times que mais faturaram nos últimos anos, com exceção do Palmeiras. 

O clube paulista conta, desde o início deste ano, com a parceira Traffic que financiou a vinda de jogadores como Kleber, Henrique e Diego Souza, o que trouxe uma perspectiva de grande exposição para a Fiat, patrocinadora que investe R$ 11 milhões anuais no porco. O Flamengo conta com a Petrobras e a numerosa torcida que tem. O Flu tem talvez o maior patrocinador - entre contrato e salários pagos – do futebol brasileiro, além de contar com a ajuda do Grupo Sonda. O Inter é, dos 5, o que recebe menos do patrocinador, mas ganha mais de R$ 2 milhões mensais com seu bem-sucedido plano de sócio-torcedor. O Cruzeiro é mais misterioso que os outros quatro do grupo, mas certamente está no mesmo patamar de investimento.


Classe C

Grêmio
Botafogo
Santos
Goiás

A classe média-média do nosso futebol conta com o Grêmio, que se sustenta de forma parecida com o Inter, embora não seja tão bem-sucedido; o Botafogo, que, com a ajuda de parceiros como a Ability e MFD e do patrocínio da Liquigás, tem um poderio razoável apesar das dívidas; o Goiás que tem lá sua força como potência regional e clube bem administrado e, finalmente o Santos, que ainda vive das sobras do dinheiro do melhor time brasileiro dos últimos anos, o de Robinho, Diego e Cia.

Estes são times que, se não conseguem vencer sempre os clubes do grupo superior, pelo menos arrumam uma ou outra vitória isolada contra os mesmos. Casos das negociações de Souza do Grêmio, Túlio Lustosa no Botafogo em 2007 e Iarley no Goiás. 


Classe D

Coritiba
Vasco
Vitória
Sport
Atlético-MG
Atlético-PR

A partir deste segmento, todos os clubes precisam de revelações e descobertas para sobreviverem. O Coritiba revelou o artilheiro Keirrison, terminou em 9º. O Vitória apresentou o bom meia Marquinhos, passou o campeonato sonhando com Libertadores como o Coritiba e encerrou sua participação na confortável 10º colocação. Em menor escala, o Atlético revelou o talentoso Renan Oliveira e se salvou com certa antecedência do rebaixamento.

O Sport disputou a competição com a tranqüilidade de quem não tinha porque lutar demais por uma boa posição e tinha formado um elenco razoável. Terminou em uma boa e justa 11º posição na tabela.

Vasco e Atlético-PR não revelaram grandes valores – apesar de Mádson e Alex Teixeira serem bons jogadores, não traduziram seus talentos em regularidade pro clube da colina. Resultado: o Vasco caiu; o Furacão, quase. 

Classe E

Figueirense
Náutico
Portuguesa
Ipatinga

Estes são os miseráveis da Série A. Dos quatro, três caíram. O Náutico, único que se salvou, terminou a apenas alguns gols de saldo do Figueirense, primeiro entre os rebaixados.

O Ipatinga viveu seus anos de ouro enquanto teve parceria com o rico Cruzeiro. Depois disso ainda conseguiu subir da Série B para a elite, mas amargou dois rebaixamentos seguidos, no Campeonato Mineiro e no Campeonato Brasileiro.

A Lusa, que já foi mediana, hoje é pequena e ainda ficou em pior situação quando a saída Diogo ocorreu e o clube não pode – talvez por causa das dívidas - contar com mais dinheiro para reforçar seu elenco.

Náutico e Figueirense são clubes quase intermediários no cenário brasileiro atual, mas investiram pouco nesta temporada. Como retorno tiveram a 16º e a 17º posições, respectivamente.

Comparação

Terminada esta exposição, uma rápida comparação entre os grupos determinados acima e suas posições no Campeonato Brasileiro.

O São Paulo, único integrante da Classe A foi campeão, apesar das dificuldades.


Da Classe B, que reúne os clubes que estão entre o 2º e o 6º mais ricos do país, apenas o Fluminense não terminou a competição na zona correspondente, apesar de ter feito boa campanha na Libertadores e se complicado no Campeonato Brasileiro por causa da perda do título internacional. O clube das Laranjeiras foi a maior decepção do campeonato, terminando em 14º.


Na C, que conta com clubes que estão entre o 7º e o 10º mais rico, Grêmio e Santos não terminaram na zona correspondente aos seus poderios econômicos. O clube da Vila Belmiro decepcionou e, mesmo com um elenco razoável, terminou na péssima 15º posição. O Grêmio fez o contrário e foi a surpresa positiva do campeonato, sendo vice-campeão com um elenco mediano.

A Classe D teve leves variações para cima e para baixo. O Coritiba e o Vitória fizeram campanhas positivas em relação aos seus investimentos, terminando em 9º e 10º, respectivamente, enquanto o limite positivo do grupo seria na 11º colocação. As boas revelações apresentadas pela dupla podem ser apontadas como motivo para esta leve surpresa.

O Vasco seguiu caminho contrário e foi o único que caiu do grupo, ficando abaixo do limite negativo, que seria na 16º posição. O clube da Cruz de Malta terminou na 18º, não tão distante de onde deveria.

Já Galo, o Furacão e o Sport terminaram exatamente onde tinham forças para ficar, entre a 11º e a 16º posição, sem caírem nem brigarem por Libertadores, embora o Sport tenha se classificado pela Copa do Brasil.

Na Classe E, só o Náutico se salvou e terminou fora da sua posição esperada. A sua força no Estádio dos Aflitos talvez tenha feito a diferença a seu favor e salvo o clube. Os outros três eram rebaixados mais óbvios e assim foram até o final.

Conclusão:

De 20 clubes, 13 ficaram exatamente onde ficariam em uma análise econômica. Outros quatro ficaram a menos de 2 posições de onde deveriam ficar. Os motivos para as discordâncias serão analisados nos próximos posts.

9 de dez. de 2008

Em melhor forma, mais calmo, saudável e produtivo, o São Paulo não perde o Campeonato Brasileiro.

Um certo Canhoto já previra, há quase dois meses: não há mais surpresas. O Radiohead finalmente vir pro Brasil é só uma exceção que confirma a regra, e a plenos pulmões cantaremos ironicamente o quão belos são a casa e o jardim.

São Paulo campeão. Campanha mais regular no segundo turno. Defesa sólida. Ataque produtivo. Mesmo goleiro há dez anos. Segurança. Mescla de antigos jogadores com novas contratações e revelações. Muricy pragmático. Não chora em público. Cara fechada. Procedimento operacional padrão. Jogos simples. Espetáculo só no Municipal.

Rogério Ceni: “Pela primeira vez, em vez de pedir pra ganhar, pedi pra não perder”. E o São Paulo não perdeu.



Os outros perderam. O Grêmio tomou cinco do Vitória. O Cruzeiro, do Náutico. O Palmeiras, do Flamengo (e três do Flu). O Flamengo, oito dos Atléticos, e empatou em pleno Maracanã com Portuguesa e Goiás. Foram irregulares. E o campeonato (e a Bola de Prata da Placar) premiam a regularidade. Sem surpresas: São Paulo campeão.

Ode aos projetos a longo prazo. À estrutura. Ao pla-ne-ja-men-to. Ao discurso de jogador simplório com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Professor. À justiça: o mais regular, o mais eficiente foi campeão. À emoção forçada como o choro dos sentimentais nas poltronas do cinema. À aniquilação do inconstante. Do circunstancial. Do lampejo. Das zebras. Do ímpeto. Das surpresas. Dos times de futebol.

Nada pode mudar ou frear o avanço do futebol globalizado, o futebol moderno, times são empresas e futebol é um excelente negócio. Jogadores são empregados (com livro de ponto expediente protocolo e manifestações etc.) com cara de pontos corridos. Os trinta e oito jogos têm o mesmo valor: mas não são trinta e oito finais, são trinta e oito jogos. Enfrentamentos sistemáticos em que ambas as equipes galgam parâmetros em busca dos três pontos, com todo o respeito ao adversário e ao Sr. Professor. Ingresso: trinta reais, estudante paga meia. Aos sábados, 18h, e aos domingos, 16h e 18h.


Nada soa absurdo, tudo se encaixa. É como a vitória: vem naturalmente. É assim na Europa. Façamos assim no Brasil. Mais cedo ou mais tarde iria acontecer. Estatísticas comprovam: é o melhor sistema. Os números comprovam: o São Paulo é o mais regular.



Ora, ainda se chora no título, se faz a volta olímpica, se levanta uma réplica da taça, que parece falsa e feita de plástico. A cada rodada uma nova emoção: moderada, contida, mas ainda sim uma emoção. Afinal, o título não se ganhou aqui ou ali, foi o conjunto do trabalho. Educadamente, aplaudamos de pé o dinheiro bem gasto.

Aplaudamos de pé o São Paulo, a empresa mais bem estruturada, organizada, e soberana do futebol praticado no Brasil. O São Paulo foi o único a não perder o campeonato.

Por que não estou surpreso?

Silent silence.

8 de dez. de 2008

Botafogo vence o Palmeiras no Palestra depois de 18 anos


São Paulo -
 Pela última rodada do Campeonato Brasileiro, o Botafogo venceu o Palmeiras por 1 a 0 em pleno Palestra Itália , o que não acontecia desde 1990,em Campeonatos Brasileiros. Mesmo com a derrota, a equipe paulista garantiu a sua vaga para Libertadores, terminando a competição na terceira posição.


A vitória e a quebra do tabu acabaram também com uma sequência negativa de seis partidas do Botafogo. O Alvinegro não vencia há seis rodadas, mas aproveitou sua tranquilidade para ganhar o seu último jogo no campeonato. Na sétima posição, com 53 pontos, o alvinegro fez também sua melhor campanha desde o título nacional de 95.  

O jogo

O time palmeirense tentava pressionar desde o início da partida. Aos sete minutos, a primeira grande oportunidade na partida para o Palmeiras. Em contra-ataque rápido, Diego Souza encontrou uma avenida a sua frente e só soltou a bola nos pés de Kléber, já na cara do goleiro, mas o atacante não conseguiu vencer Renan, que desviou a bola para fora.

Apesar de ter leve domínio das ações ofensivas da partida, nem tudo era tranqüilidade para a equipe paulista. Aos dez minutos, Lúcio Flávio quase abriu o placar com um belo gol olímpico, mas o travessão salvou Marcos. O goleiro palmeirense, surpreendido pela trajetória da bola, já estava quase fora da pequena área, sem nenhuma possibilidade de recuperação no lance.

O Palmeiras ainda continuava um pouco mais perigoso. Aos 20 minutos, Kléber recebeu a bola já dentro da grande área, cortou o zagueiro e bateu, mas Renan conseguiu novamente impedir o gol da equipe da casa.

O problema da equipe paulista era que o Botafogo não abdicava do ataque, levando perigo ao gol de Marcos. Aos 30 minutos da primeira etapa, Fabinho Capixaba teve de salvar a bola já em cima da linha, após chute de Lúcio Flávio.


Faltando dez minutos para o final do primeiro tempo, o Botafogo assumiu o domínio do jogo. Aproveitando o bom momento da equipe na partida, Lúcio Flavio pegou a sobra em escanteio e chutou forte, mas a bola, pela segunda vez, parou no travessão da meta de Marcos. O alvinegro ainda teria mais uma boa conclusão com Túlio Souza, que bateu com categoria para a meta de Marcos, mas a bola acabou saindo ao lado do gol palmeirense.

A segunda etapa começou ainda mais morna que a primeira. Mas Wellington Paulista surgiria para mudar a situação da partida. Em contra-ataque, Alessandro recebeu belo passe em profundidade de Lúcio Flávio, e, da linha de fundo, cruzou com categoria para Wellington apenas conferir de cabeça. O gol carioca forçava uma reação do Palmeiras, que passava a estar ameaçado na luta pela Libertadores.

Aos 12 minutos da segunda etapa, Kléber outra vez conseguiu chegar na cara do gol de Renan, mas, mais uma vez, não conseguiu vencer o jovem goleiro botafoguense, que fez boa defesa. A atuação da revelação botafoguense era segura. Pouco depois, aos 19 minutos, Renan salvava o time alvinegro mais uma vez desviando a bola depois de chute cruzado de Fabinho Capixaba.

O domínio territorial palmeirense não se refletia em lances de perigo para o time paulista. Trocando passes na intermediária de seu ataque, a equipe alviverde se demonstrava improdutiva, com raríssimos chutes a gol.

Mesmo tranqüilo na partida, o Glorioso ainda perdeu Alexandro, que havia acabado de entrar, aos 36 minutos, expulso pelo árbitro Heber Roberto Lopes. O juiz ainda expulsaria Maurício aos 43, igualando numericamente as equipes. A partida prosseguiu com a mesma improdutividade palmeirense, que tinha maioria no tempo de posse de bola, mas quase não levava perigo ao gol do Botafogo. Apesar disso, o Palmeiras ainda teve chance incrível com Diego Souza sem goleiro, mas o meia não conseguiu aproveitar.

Fotos: GE.com e Uol

2 de dez. de 2008

Esporte Peladeiro

Como poderia dizer uma mente mais inteligente e de rápido ráciocinio, o nome deste blog não é à toa. Óbviamente, os Ecos do Maraca apontados no nome não são só os ecos própriamente ditos, são também os estudantes da ECO (Escola de Comunicação da UFRJ), entre eles os autores deste blog que, daí o motivo dessa breve explicação, trabalharam em um projeto audiovisual ligado a um determinado tipo de esporte marginalizado: o esporte peladeiro.

O leitor habitual deste blog  vai estranhar uma certa diferença na cobertura esportiva feita neste post-vídeo. É que o vídeo não trata de futebol, para algumas pessoas sequer trata de esportes de verdade, mas essa era a questão enquanto o projeto se encontrava em desenvolvimento. Intrigados por um certo desprezo destinado aos praticantes de três desportos - sinuca, altinho e frescobol - selecionados para a gravação deste breve documentário, mergulhamos superficialmente na vida de seus esportistas amadores. O resultado é o vídeo que segue:

Não leve esta descrição à sério...




13 de nov. de 2008

Atlético-MG goleia e deixa Vasco novamente com a corda no pescoço


Rodrigo Paradella – rparadella@jsports.com.br


Sem conseguir se encontrar na partida, o Vasco foi goleado por 4 a 1 pelo Atlético-MG, no Mineirão. Com a derrota, o Vasco, apesar de ter escapado da devolução dos 6 a 1 do primeiro turno, ficou ainda com a corda ainda mais apertada em seu pescoço, apesar de ainda respirar no campeonato. Por enquanto, na décima quinta posição, o Vasco ainda se encontra fora da zona de rebaixamento, mas, ainda com a 35° rodada toda para acontecer, o clube carioca corre sérios riscos de voltar para a zona da degola ainda neste fim-de-semana.

O Atlético-MG, por sua vez, está ainda mais tranqüilo no campeonato e agora, com 47 pontos, e na décima colocação, entra de vez na briga por uma das vagas da Copa Sul-Americana de 2009. 

O Jogo 

A partida começou com o Galo surpreendendo, buscando jogo com vontade e dominando as primeiras ações ofensivas da partida. O Vasco produzia pouco e mal passava da linha de meio campo. 

Com pouco mais de um minuto de jogo, Marques fez bom lançamento e deixou Renan Oliveira na cara do gol, mas Rodrigo Antônio apareceu para limpar o lance e devolver a tranqüilidade para o time vascaíno. 

Depois de 10 minutos de jogo, o Atlético continuava dominando todas as ações quando, após receber cruzamento rasteiro de Renan Oliveira depois de boa tabela com Marques, Castillo apenas completou, sem goleiro, para o fundo da rede. Um a zero para o Galo, que marcou antes do Vasco dar o seu primeiro chute na partida, sinal do amplo domínio do time mineiro. 

O primeiro chute do Vasco mostrou bem a falta de eficiência do time na primeira metade da primeira etapa. Já aos 20 minutos de jogo, Mateus chutou da intermediária para longe, muito longe. 

Sem ter feito sequer uma defesa, o goleiro Juninho deixou a partida, contundido aos 28 minutos. Coube a Édson, o goleiro reserva, a responsabilidade de manter o ataque vascaíno como estava: no zero. 

Mas o goleiro do Galo nem havia tocado na bola quando seu time marcou novamente e ampliou a vantagem. Após belíssima jogada, Renan Oliveira, que já havia dado o passe para o gol do colombiano Castillo, tocou com categoria para fazer, aos 31 minutos, o segundo gol do time de Minas. Dois a zero, e a corda começava a apertar novamente no pescoço do time vascaíno. 

O primeiro lance de perigo do time carioca só aconteceria aos 38 minutos, quando Leandro Amaral girou dentro da área, bateu cruzado e viu Edmundo e Rodrigo Antônio, com o gol vazio, tentarem alcançar a bola, sem sucesso. O time subiu de produção e, cinco minutos depois, Wagner Diniz invadiu a área pela direita e cruzou por baixo para Edmundo que bateu de primeira, mas foi atrapalhado pelo zagueiro, que interceptou a bola e afastou a melhor jogada criada pela equipe cruzmaltina no primeiro tempo 

O Vasco tentava iniciar uma pressão quando, depois de saída atrapalhada de Édson, que espalmou nos seus pés, Leandro Amaral raspou na bola e desperdiçou boa oportunidade. Mesmo oferecendo espaços para o contra-ataque, já que, com a troca realizada por Renato Gaúcho no intervalo (Leandro Bonfim no lugar de Eduardo Luiz), jogava com apenas dois zagueiros, o Vasco melhorou exponencialmente sua presença no campo ofensivo, dominando a partida no começo do segundo tempo. 

Mas o domínio do time carioca não durou muito. Aos 13 minutos, o Atlético já reequilibrava as ações e, após surgir na cara do gol, o colombiano Castillo, autor do primeiro gol, foi derrubado pelo goleiro Rafael. Pênalti. Leandro Almeida cobrou no canto direito e ampliou. Três a zero e o ar começava a faltar de novo para o Vasco, recém saído da zona de rebaixamento. O ar ficou ainda mais escasso quando, quatro minutos depois, empurrado pela torcida, Pedro Paulo sofreu novo pênalti para Leandro Almeida bater. O meia bateu novamente no canto direito e transformou o placar em goleada. 

Depois do gol atleticano, a partida ficou movimentada e o Vasco começou a correr atrás do prejuízo. Aos 23 minutos, seis minutos depois do quarto gol atleticano, Mádson bateu falta para o meio da área e, em saída atabalhoada do goleiro reserva Édson que mal havia tocado na bola, Odvan resvalou na bola, que entrou no cantinho esquerdo do gol. Quatro a um. A falha de Édson dava um pouco mais de ar para o Vasco respirar enquanto tentava uma milagrosa reação. 

O pulmão vascaíno era forte. Mesmo já sentindo a vitória escapar e a corda do rebaixamento apertar em seu pescoço, a equipe carioca usava todo o ar que ainda tinha para tentar o milagre. Nada feito. Aos 46, outro aperto na corda. Leandro Amaral, mesmo com paradinha, desperdiçou pênalti a favor da equipe da Cruz de Malta. 

O Vasco enfrentava uma equipe igualmente comprometida e que, com o apoio de sua torcida que lotou o Mineirão, tentava apertar ainda mais a corda que sufocava o Vasco em busca da revanche pela humilhante goleada sofrida em São Jánuario (6 a 1, Vasco) no primeiro turno do campeonato.

O placar não foi igualado, mas a vingança veio contundente. Com o placar de 4 a 1, o Atlético, como um carrasco, apertou ainda mais a corda da Série B no pescoço vascaíno, cada vez com mais dificuldades para respirar no Campeonato Brasileiro de 2008.

Foto: FolhaPress

9 de nov. de 2008

Vitória para sonhar

Rodrigo Paradella - rparadella@jsports.com.br

Em clássico morno pelo Campeonato Brasileiro, o Flamengo venceu o Botafogo por 1 a 0 com gol de pênalti de Kléberson e ainda segue com chances de Libertadores, já que o título parece mais distante da Gávea depois da vitória do líder São Paulo na rodada. Com a êxito no Maracanã, o rubro-negro segue na 5° posição com 60 pontos, mas conseguiu se aproximar dos adversários pela vaga. Já o Botafogo caiu para a 8° posição, com 49 pontos, e segue apenas cumprindo tabela no campeonato.


A partida prometia ser disputada, quando, com menos de um minuto de jogo, Jorge Henrique foi derrubado na área por Bruno, mas o árbitro Marcelo de Lima Henrique não marcou o pênalti.

Apesar do lance, o jogo começou morno, mesmo com a marcação pressão que o Flamengo tentava exercer sobre a saída de bola alvinegra. O time da Gávea precisava da vitória, mas não conseguia demonstrar a mesma garra de outras partidas no Maracanã.

Enquanto o Flamengo tentava explorar – sem sucesso - jogadas de velocidade pelas laterais com Luizinho, Juan e Maxi, o Botafogo afunilava demais pelo meio, esbarrando sempre na boa defesa rubro-negra.

O Flamengo só pareceu ameaçar a meta alvinegra aos 18 minutos, quando Marcelinho Paraíba experimentou de fora da área e assustou Renan.

Porém, apesar das tentativas rubro-negras, o primeiro grande lance de perigo do clássico surgiu dos pés alvinegros. Aos 20 minutos, Triguinho pegou a sobra na entrada da área e bateu com violência para uma bela defesa de Bruno.

As grandes jogadas continuavam escassas na partida, quando, aos 34 minutos, em falta na intermediária, Juan levantou a bola na área e Ronaldo Angelim cabeceou no centro do gol para Renan agarrar com tranqüilidade.

No final do primeiro tempo, depois de confusão da zaga rubro-negra, Túlio ganhou no alto e tocou de cabeça para Fábio que, já dentro da área, encheu o pé, mas acabou esbarrando na boa defesa de Bruno.

O segundo tempo começou do mesmo jeito que o primeiro, pouco acontecia. As duas equipes não jogavam bem, mas o Flamengo ainda era um pouco superior. Mesmo assim, somente aos 14 minutos o Flamengo conseguiu ameaçar a meta alvinegra. Marcelinho Paraíba cobrou falta, da intermediária, direto para o gol, assustando Renan e a torcida botafoguense, com a bola passando rente ao travessão. Dois minutos depois, Josiel recebeu bom passe, mas não conseguiu dominar a bola. O rubro-negro chegou outra vez com Ibson, que cabeceou sozinho dentro da área, após cobrança de escanteio.

O Botafogo só voltou a ameaçar em bom chute de Carlos Alberto, aos 24, que Bruno espalmou para fora. Mas a maior oportunidade até aquele momento surgiu mesmo com o time rubro-negro, aos 28 minutos. Depois de bola cruzada por Juan pela esquerda, Ibson e Josiel furaram e desperdiçaram grande oportunidade na cara do gol alvinegro. Pouco depois o time da Gávea ainda levou perigo em mais uma bola alçada na área com boa cabeçada de Fábio Luciano.

A superioridade rubro-negra continuava, quando, após bom passe de Kléberson, que havia acabado de entrar, Ibson foi derrubado por Renan e o árbitro Marcelo de Lima Henrique marcou pênalti. O próprio Kléberson cobrou mal, mas Renan não alcançou. O Flamengo conseguia a vantagem já no final da partida, aos 39 do segundo tempo.

8 de nov. de 2008

Caldeirão Abençoado

Rodrigo Paradella - rparadella@jsports.com.br

Não seriam os santos que se oporiam a um time que teve fé na vitória até o fim da partida. Com disposição de sobra, o Vasco conseguiu se aproveitar do apoio da torcida e venceu o Santos por 1 a 0, depois de quase três meses sem ganhar em São Januário. Com o resultado o time da cruz de malta sobe, provisoriamente, para a 15° posição e sai da zona de rebaixamento, além de deixar o Santos novamente ameaçado de queda para a Série B. O time santista, que parecia já fora de perigo, permanece com 40 pontos, apenas três mais que os 37 que tem o time carioca.


O Vasco começou com vontade, empurrado pela torcida que lotou São Januário. Em apenas dois minutos de jogo, o time da cruz de malta encaixou jogada de velocidade, Alex Teixeira conseguiu entrar na área pela direita, mas teve o cruzamento cortado por Fábio Costa. 

O lado direito era o ponto forte do Vasco que sempre tentava lances na velocidade de Wagner Diniz, Alex Teixeira e Mádson. Já o Santos, chegava pouco, apenas com chutes de fora da área que não levavam perigo ao gol de Rafael.

Mas, em bola lançada, o defensor vascaíno afastou mal e a bola sobrou para Kleber Pereira no canto direito da área. Sem ângulo, o artilheiro cruzou fechado e a bola quase entra, parando somente na trave esquerda do goleiro Rafael. Era o primeiro bom lance santista em 10 minutos de jogo.

Porém, a pressão vascaína continuava. Dois minutos depois, mais uma vez pela direita, Mádson cruzou na medida para Leandro Amaral que recebeu e chutou de primeira para uma defesa incrível de Fábio Costa 

Aos 15, outra vez pela direita, o Vasco chegou com cruzamento rasteiro de Wagner Diniz, que Jorge Luiz recebeu e, apenas com Fábio Costa a sua frente, não conseguiu fazer o gol, parando no goleiro santista. O zagueiro vascaíno ainda teve o rebote, mas parou no camisa 1 do Santos outra vez.

Aos 17 minutos, Mádson recebeu cruzamento da esquerda, dominou com estilo e bateu com força, mas o chute foi para fora. 

Mesmo com o ímpeto do time da casa, o Santos ainda buscava levar perigo ao gol do Vasco explorando o faro de gol de Kleber Pereira. Além disso, tentava responder, com contra-ataques, às ofensivas do Vasco na esquerda de sua defesa atacando pelos espaços deixados pelo time vascaíno no setor. 

O problema é que o Vasco mal deixava o adversário pensar, sempre mostrando vontade. Achegada de Mádson pela direita era freqüente na partida. Em uma delas Leandro Amaral, aos 27 minutos, recebeu bom cruzamento, mas o goleiro Fábio Costa antecipou a jogada e afastou a bola, mas não conseguiu evitar duro choque com o atacante do Vasco. Pior para o goleiro, que sentiu o joelho e teve de ser atendido pelos médicos. 

O Vasco continuava melhor com grandes lances pela direita, mas o Santos chegava com velocidade e tentava levar perigo no contra-ataque, já que o time vascaíno se lançava completamente ao ataque, apressado pela torcida.

Aos 41, Leandro Amaral ia recebendo a bola livre para cabecear quando, inesperadamente, foi atrapalhado por Rodrigo Antônio, companheiro de time, que cabeceou totalmente sem direção. 

O Santos não conseguia mais levar perigo ao gol do Vasco, com suas jogadas sendo desarmadas pela, ainda que atrapalhada, sempre atenta defesa do time vascaíno.

Mesmo com o esforço do time em campo, a torcida vascaína não perdoou e vaiou os jogadores graças ao empate que resistia no placar ao fim do primeiro tempo. 

Após o intervalo, o Vasco voltou com velocidade e disposição, sendo encorajado pela torcida que o apoiava.

Com menos de um minuto, Leandro Amaral se antecipou à zaga santista em cruzamento vindo da esquerda e surgiu na frente do goleiro Fábio Costa, mas acabou chutando fraco e em cima do goleiro santista. O atacante ainda teve o rebote, mas não encontrou ângulo para bater no gol. 

A dupla Leandro Amaral e Wagner Diniz continuava levando perigo ao gol santista. Aos 4 minutos, após belo passe do lateral direito, Leandro recebeu em boa posição, mas bateu apenas na rede pelo lado de fora.

O Vasco sufocava o Santos, que não conseguia responder às boas chegadas do ataque cruzmaltino. Porém, aos 7 minutos, o Santos teve sua primeira grande chance na segunda etapa. Após bom cruzamento de Bida pela esquerda do ataque santista, Molina cabeceou colocado no canto direito do gol de Rafael, que realizou bela defesa.

Com 15, e tendo que vencer a partida, o técnico Renato Gaúcho mudou o esquema do Vasco, que jogava com três zagueiros, e colocou Edmundo no lugar de Odvan. 

A pressa de conseguir o gol deixava o time vascaíno ansioso, o que causou um lance inusitado. Aos 17 minutos, Leandro Amaral botou a bola no corner e, tanta era a pressa, que nem olhou antes de cruzar e acabou chutando a bandeira, e apenas raspando na bola, que acabou voltando para o atacante em lateral.

Mas o momento do Vasco, e de Edmundo, acabaria chegando. Após boa tabela da equipe vascaína, Jonílson foi atropelado na entrada da área e o juiz Elmo Alves Resende Cunha marcou penâlty. Edmundo, que havia entrado havia sido preterido por Renato Gaúcho e acabara de entrar, bateu com categoria e abriu o placar. O Vasco abria a tão sonhada vantagem no placar. 

O Santos partiu para cima tentando reagir, e, aos 30 minutos, Lima, já dentro da área, cortou o zagueiro vascaíno e bateu com força para boa defesa de Rafael, que espalmou. No rebote, Kleber Pereira ainda tentou de cabeça, mas tocou fraco na bola e Rafael, mais uma vez, defendeu com segurança. 

O time da Baixada Santista ainda tentou reagir, com direito a pressão e goleiro na área adversária, mas nada atrapalhou o Vasco, que agora está mais perto do que nunca da Série A de 2009.

5 de nov. de 2008

Flu supera a tempestade

Desta vez não faltou nada. Pelo contrário, na partida em que o Fluminense venceu o Figueirense por 1 a 0 no Orlando Scarpelli, sobrou água e disposição. Com o mesmo trio de arbitragem, mesmas escalações e mesmo tempo de jogo, as equipes não conseguiram mexer placar, apesar do gol corretamente anulado do Figueira aos 48 do segundo tempo.


O temporal que caiu em Florianópolis formou grandes poças e prejudicou a qualidade técnica da partida, mas as duas equipes demonstravam que isso não poderia ser um obstáculo para suas pretensões contra o rebaixamento.

No primeiro bom lance do Figueira, aos 20 minutos, a bola parou em uma poça na entrada da área e sobrou para o chute do jogador do Figueirense que Fernando Henrique defendeu em dois tempos.

Aos 31 minutos a pressão continuava, após bobeira da defesa, Marquinhos lançou Tadeu que cruzou rasteiro para Thiago Silva afastar o perigo que se aproximava. O Figueirense estava melhor na partida, mas o gramado alagado e Thiago Silva seguravam o ímpeto do time da casa.


Com a dificuldade de tocar a bola graças ao péssimo estado do gramado, o Figueirense buscava o jogo aéreo para empatar a partida. Mas foi em bom chute de Gomes a melhor oportunidade do Figueirense no primeiro tempo, aos 44 minutos. O lateral recebeu na entrada da área, preparou e chutou forte a bola que passou próxima ao gol de Fernando Henrique.

No segundo tempo, René tirou Conca e mandou o zagueiro Edcarlos para fortalecer a jogada aérea do tricolor, essencial em um gramado tão castigado pela chuva.

O Figueira continuou melhor no início do segundo tempo, quando, aos 5 minutos, Marquinho quase empatou a partida após linha burra da zaga tricolor, sendo impedido pelo goleiro Fernando Henrique que saiu no pé do meia.

O gramado não ajudava o toque de bola das equipes, que continuavam apelando para bolas alçadas na área do adversário. Mas o primeiro bom lance do Fluminense na segunda etapa veio só aos 14 minutos, em bom lance de Everton Santos que driblou o zagueiro na lateral e bateu por cima do gol de Wilson.

O bom momento tricolor continuou em boa jogada criada por Arouca, aos 20 minutos. O volante, que jogava com bastante liberdade dada por René, puxou bom contra-ataque e cruzou rasteiro para Washigton livre na frente do gol que se enrolou e acabou tendo que rolar para Júnior César após demorar a concluir a jogada. Júnior César recebeu em boa condição, mas chutou bem acima do gol de Wilson. 

Mesmo com a pressão do time catarinense em bolas alçadas na área do Fluminense, foi o tricolor carioca que quase marcou. Aos 28, Washigton quase conseguiu ampliar depois de uma péssima saída de Wilson na entrada da área em bola lançada para o ataque. O time carioca era pressionado, mas era mais objetivo e perigoso nos contra-ataques.

A tônica do jogo continuou desta forma, com o Figueira pressionando e o Fluminense se esforçando para manter o placar e ameaçando nos contra-ataques. O torcedor tricolor ainda levou um susto antes do apito final, mas o gol do Figueirense, aos 48 minutos, foi bem anulado.

Bom para o Fluminense, que deixa a zona de rebaixamento por ao fim dessa rodada e agora enfrenta o Cruzeiro no próximo domingo, no Mineirão.

 

24 de out. de 2008

Vamos brincar nessa reta final de campeonato!


Renato Gaúcho já profetizava, quando ainda naquele time colorido. Agora é o momento da Caravela deslanchar de vez, 3 jogos no Rio (Atlético/PR, Flu, Santos). A torcida, como não podia ser diferente, está ao lado do time, que saiu aplaudido do Maraca no último domingo.

Naquele instante, mesmo sendo derrotado pelo maior rival, na última colocação do campeonato, a situação começava a mudar. O empate, cedido ao Sport, doeu, porém já evidenciava o novo panorama. A grandeza adormecida se fazia presente no momento de maior necessidade.

Goiás, líder do returno, 8 jogos invictos (5 V e 3 E). Vasco, maior sequência sem vitórias em sua história no Campeonato Brasileiro (7 D e 2 E). A matemática e seus números frios apontam quase 80% de chances de rebaixamento para o Gigante da Colina, em goiânia outro eminente fracasso.

Difícil calcular o quão pesa a volta de um velho ídolo, 10 anos mais velho. Complicado atribuir a melhora no setor defensivo a um zagueiro pesado, formado e escorraçado na Gávea. Assim como encarregar a armação do ataque a um garoto de 1,60 m em parceria com um menino que recém chegou a maioridade, pulou a categoria júnior, reprovado no estúpido exame teórico do DETRAN para primeira habilitação. Tudo isso, talvez, na maior crise de certamente um dos maiores clubes. Felizmente a lógica matemática passa longe do futebol, o que em muito lhe acarreta em interesse.

O jogo. O esquema com 3 zagueiros foi confirmado, mesmo sem a qualidade dos 3 confirmada. Edmundo reassumiu a vaga de Alan Kardec. Como um autêntico pivô flutuava pela intermediária esmeraldina, prendia os zagueiros e distribuía a bola no campo de ataque. Uma atuação digna de um fora de série, veterano é verdade. Quando Mateus - muito boa atuação, saindo pro jogo, sofreu um pênalti ignorado pela arbitragem, um volante no estilo que o time de Dunga precisa - achou espaço, de frente para o gol adversário, não titubeou e mandou um um balaço de canhota, no rebote ele, em breves segundos, balançou as redes pela 151 em campeonatos brasileiros.



Um despretensioso lateral resultou em bela arrancada de Alex Teixeira, 2X0, difícil finalização da promessa, que no fim da temporada passa a mostrar confiança. O estranho Valmir vacilou, pênalti desnecessário, 2X1. A importante vitória é ameaçada, a boa atuação é mais uma vez comprometida por uma falha individual. O coração vascaíno bate depressa.

Segundo tempo. O jogo já não é tão favorável, o Goiás volta melhor. Antes dos 10 minutos, mais uma vez Valmir dá mole, sai jogando errado, cruzamento na área e o bom Iarley empata. "Puta que pariu, tá tudo dando mesmo errado, Leandro de fora por causa do Odvan, 2 meses sem vitória, Edmundo e Leandro já perderam pontos no Cartola por terem levado gol, derrotas em casa para times horrosos, desse ano não passa o rebaixamento tão presente entre 2002 e 2004".


Mais uma vez surge o imponderável, tão presente no futebol, que diferencia os homens dos meninos (ótimo clichê!). Jorge Luiz sai em mais uma pavorosa arrancada ao ataque, manda uma bola quadrada pra Edmundo. Sozinho ele prende a bola, aguarda a chegada daquele que no domingo fez um gol pelo Obina. Jorge Luiz recebe de frente para a meta adversária - "filha da puta, solta essa bola que tu é ridículo, não vai isolar" - e num momento de rara sabedoria toca para Mádson, capenga pela direita. O baixinho chuta com a perna desfavorecida, a bola desvia em um velho conhecido, Henrique, - cria do Vasco, que em 2004, na penúltima rodada fez o gol do 1x0 sobre o Atlético/PR, decidindo o Campeonato Brasileiro em favor do Santos, livrando o Vasco da possibilidade de rebaixamento - passando por debaixo das pernas do goleiro, 3X2, 2 minutos após o empate.


Para finalizar, 5 minutos mais tarde Edmundo é agarrado na área, dessa vez não teve como Gaciba não assinalar a penalidade máxima. Pênalti, decisão, Edmundo. Bola no ângulo, gol 152. Estranhamente ela tocou a rede e voltou com força, Mádson estufou as redes para não deixar dúvidas de que a noite era vascaína, 4X2. Para fechar com chave-de-ouro, aos 18, Jonílson, o muso do brasileirão, desarmou o ataque goiano, vibrou com intensidade batendo no peito. Por um instante me veio a lembrança do reizinho da colina na final da Copa Mercosul no Palestra Itália.



Tomara que essa vitória seja um marco. Tomara que o ex-presidente não precise acabar com a vida do atual. Tenho a certeza de que somos muito grande. O Vasco é o time da virada.