29 de set. de 2008

Hoje sim...



Hoje não!

Hoje não!

Hoje sim!

Hoje sim?!?!

Kléber Machado


O tempo passa e as coisas parecem não mudar. Não se trata de ser amarelo, roxo ou vermelho, o problema do Botafogo é mais que nada saber de seu fardo quase sempre cruel. Nenhum outro clube é tão perseguido pelos "Deuses do Futebol" quanto o clube de General Severiano, mas parece que seus próprios dirigentes, jogadores e técnicos recentes desprezam esse tipo de coisa. Simples superstição, alguns diriam.

O fato ignorado é a tragédia que parece sempre estar pronta pra aparecer de novo no clube de João Saldanha. A verdade é que o Botafogo é único clube que não parece ter direito de dar chances ao azar, fato desprezado por aqueles que o comandam ou representam.

Quando um time como o atual do Botafogo permite 3 empates nos minutos finais contra times de qualidade bastante duvidosa - todos circulando entre os últimos do brasileiro - percebe-se, além do azar óbvio, a falta de capacidade para superar essa predisposição à tragédia. 


Confesso que não vi o jogo deste domingo - vi os outros dois - mas garanto que atenção, tranquilidade e poder de decisão para matar a partida faltaram mais uma vez. Essas são falhas que talvez - muito provavelmente - passariam impunes para outros times, mas não ao Botafogo que até vítima de boato de show  dos Rebeldes é. 

Portanto, não exige-se o mínimo de vontade, atenção e poder de definição - não seria o suficiente, não pro Botafogo - mas qualquer coisa acima do máximo de cada um de nossos representantes em campo e nos escritórios. 


Quem sabe assim esse nosso tão famoso azar não nos deixa em paz por um tempo?

Chega de ser Robin Hood! O Botafogo, e até o campeonato, merece mais do que um time confuso entre a glória e a tragédia.

8 de set. de 2008

Fora da reta, por enquanto

Semana passada, todas as atenções e comentários da mídia esportiva estavam direcionados para a Granja Comary, aonde os pimpolhos de Dunga treinavam para o jogo-chave contra o Chile, em Santiago. Os principais programas sobre futebol não se cansavam em apresentar matérias que ressaltavam uma possível queda do treinador da Seleção. Eram tantas retrospectivas negativas e comentários do povão pedindo a cabeçca do técnico que não dava mais para agüentar. Ou ele saía ou saía, não tinha outra opção.


Mas, ao contrário da vontade de muito jornalistas (e do próprio Ecos) , após a partida desse domingo, o nosso anão em comando ganhou uma sobrevida. Merecida pela atuação de ontem, diga-se de passagem.
Antes da partida, Dunga deve ter avisado aos jogadores que se saíssem do Estádio Nacional de Santiago com uma derrota, ninguém mais ia poder sair com a Branca de Neve. A seleção brasileira entrou com um gás que não se via há muito tempo. Toque de bola eficiente e rápido, marcação em cima. Destaque para Diego, que deve ter feito a sua melhor partida pelo Brasil, e Luis Fabiano, guerreiro e artilheiro, o melhor em campo. Aliás, parece que Fabuloso garantiu de vez a camisa 9. Não é um Ronaldo, mas é jogador de ótima qualidade, raça e faro de gol.



Porém, as grandes estrelas da noite de ontem, após uma análise mais profunda (respeitando a integridade dos jogadores), foram as mudanças de postura, tanto a do técnico quanto a do time. Se o contexto fosse outro, 11 entre 10 sites de aposta diriam que Dunga escalaria 4 volantes, incluindo ele mesmo. Colocaria o time em um esquema muito defensivo, para não dizer retranqueiro. Mas, como num passe de mágica da Bruxa Má, o ranzinzo técnico decidiu apostar em Gaúcho, Robinho, Luis Fabiano e Diego (este um pouco mais recuado). Deu liga. O Brasil jogou bem, marcou bem e criou inúmeras oportunidades.



Mas, apesar da euforia, devem ser feitas algumas considerações:
1- A defesa do Chile é mais porosa do que esponja velha. Não por causa do esquema de Bielsa, que aliás é um técnico que aposta na ofensividade (algo raro ultimamente). Mas sim devido a (não) qualidade dos zagueiros.
2- O ataque chileno também foi mal. Suazo perdeu chances incríveis. Uma atuação digna de Bola Murcha. Os seus principais jogadores do meio-campo, Fernández e Sanchez, nada produziram. O blog se recusa a falar sobre Valdívia.
3- Não se sabe ainda se o jogo de ontem foi uma excessão na Era Dunga, ou se a coisa mudou mesmo. Além disso, quando o Brasil enfrentar uma seleção mais forte, terá de atacar com mais jogadores, ou seja, os laterais e os volantes também terão que se apresentar à frente, e não só marcar ( Apesar de Maicon ter atuado bem no segundo tempo). Juan tem que ser titular.
4- Percebe-se claramente que Ronaldinho ainda está muito longe de ser Ronaldinho. Apesar de ter jogado bem pelo Calcio domingo passado, o craque continua fora de forma. Praticamente limitou-se a trocar passes, nem sequer ameaçou dar uma de suas famosas arrancadas, nas quais ele quebrava tempo, espaço e a coluna dos marcadores. Sem Kaká, quem deve ser colocado em seu lugá (péssima rima forçada)?


5- Ficou comprovado mais uma vez que um esquema ofensivo pode também pressionar o adversário. Se já deu certo com o Brasil em outras épocas e dá certo com outras seleções, porque não daria na atual Seleção Brasileira?


O Brasil também deve passear no Engenhão, quarta-feira, dia no qual encara a poderosíssima Bolívia, gigante do futebol. A questão é: a seleção fará outra apresentação digna ou o que aconteceu em Santiago foi só parar tirar temporariamente Dunga da degola?

5 de set. de 2008

Lições de Florianópolis

A boa vitória sobre o Figueirense fora de casa, na última quarta-feira, foi emblemática para o Flamengo, não só pelo fato de a equipe ter voltado a vencer fora de casa e retornado ao G4, mas porque algumas lições importantes para o resto do Brasileiro ficaram bem claras, após o jogo.

Primeiro, Ibson voltou a jogar bem, e isso tem tudo a ver com o retorno à sua posição de origem, de segundo volante. Interessante também notar como a própria equipe ganha com isso - a saída de bola é feita com mais qualidade, e o meio campo torna-se mais dinâmico. O meia funciona como o centro de gravidade do meio campo, distribuindo o jogo de forma eficaz, e com maior espaço para pensar do que se estivesse mais à frente, batendo de frente com volantes botinudos. Foi jogando assim que Ibson tornou-se um dos destaques do último Brasileiro, mesmo jogando apenas um turno.

Segundo, Éverton. O garoto não repetiu o bom futebol de estréia, mas ainda assim foi importante. É bom a torcida se acostumar com isso - o meia é jovem, então será natural que tenha altos e baixos, partidas sensacionais e outras mais apagadas. Ainda assim, é um excelente acréscimo a um time que não tinha um jogador com a característica de partir para cima, driblar, chutar - é uma injeção de dinamismo muito bem vinda.

Terceiro, o Flamengo não tem reserva para Juan. E aí vem uma crítica a Caio Júnior: se sabia que Eltinho estava em péssimas condições físicas - não jogava há oito meses - por que liberar Egídio antes de ter um reserva em boas condições? Tudo bem, Egídio não mostrou bom futebol, estava sendo perseguido, mas Eltinho não pareceu ser tão melhor, e pelo menos a cria da Gávea estava fisicamente bem. Sem contar, é claro, na improvisação de Luizinho, algo que pode funcionar contra um time fraco como o Figueirense, mas será fatal contra times mais encorpados.

Por último, bom ver que a era de 7523 volantes no meio campo está com os dias contados. Ibson, Kléberson, Aírto, todos são bons volantes, marcam e sabem sair jogando, ao contrário de Jaílton, Toró e Cristian, por exemplo. Um volante mais voltado à marcação se faz necessário, mas parece-me que a formação ideal passa justamente no aproveitamento destes jogadores mais técnicos, com um armador clássico mais avançado. Assim, o Flamengo é mais forte, e pode alcançar seus objetivos.

Só para não deixar passar, não crucifiquem o Bruno! Ele é um dos goleiros mais seguros do Brasil, excelente em bolas aéreas, tem visão de jogo e tranqüilidade. Mesmo falhando nos últimos jogos - sim, ele deu mole no gol do Maurício -, ainda é peça fundamental no time. Apesar disso, é fato que tem dificuldade em chutes de longe e é um pouco confiante demais. Mas, pense bem, em quase três anos de Flamengo, quantas vezes você viu Bruno falhar? Aposto que é uma das menores médias de falhas no Brasil, embora sejam falhas mais decisivas. De qualquer forma deixem o cara trabalhar, ele é dos melhores no Brasil.

Agora, a seqüência de jogos entra numa fase crucial para o Flamengo. Analisando a tabela, após o jogo com o São Paulo, a equipe joga duas vezes em casa contra adversários acessíveis - Ipatinga e Sport -, enquanto seus rivais diretos pegam várias pedreiras. A estratégia é simples: segurar o São Paulo e vencer as duas partidas no Maracanã. Muito provavelmente, seus Grêmio, Palmeiras e afins poderão ter alguns tropeços nestas próximas rodadas. Mas é necessário que o Fla faça a sua parte.

Enfim, embora o Figueirense seja um adversário frágil, é bom que Caio Júnior possa certificar-se de algumas lições, que podem contribuir nessa remontagem do time para a reta final. A tabela é favorável, principalmente nos próximos jogos, e se pelo menos um dos atacantes acertar, a equipe tem boas chances no torneio. A pior fase, acredito, já passou.